domingo, junho 08, 2008

Florbela Espanca, nascida Flor Bela Lobo (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), foi uma poetisa portuguesa, precursora do movimento feminista em seu país. Teve uma vida tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
[www.pt.wikipedia.org]
Quer saber mais? Leia os poemas, oras!


Minha Culpa

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo... um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...

Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro...
Uma chaga sangrenta do Senhor...

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

sábado, fevereiro 23, 2008

João Armando Artur nasceu na Zambézia (Moçambique), a 28/12/1962. "Estrangeiros de Nós Próprios" é o seu terceiro livro publicado. Os anteriores são "Espelho dos dias" (1986) e "O hábito das manhãs (1990).
Armando Artur foi nomeado para o cargo de vice-presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa (FBLP) - a maior instituição privada do ensino superior de Moçambique -, em substituição de José Craveirinha, falecido em 2003. Anteriormente à nomeção, Armando Artur desempenhava as funções de secretário-geral da Associação de Escritores de Moçambique (AEMO) e de representante da Associação Africana de Escritores.

A Arte de Viver

Habito no halo
dos meus versos
onde incansavelmente
rimo palavras sem rima
e seco lágrimas sem pranto

é a arte de viver...

como lacrar a vida e o amor
sem cantar?
como vencer o tédio e o temor
sem bailar?
eis a razão
porque sonho sem sono
porque voo sem asas
porque vivo sem vida

no avesso dos versos escondo
o tesouro da minha contrariedade
o mistério da minha enfermidade
e o feitiço da minha eternidade

sábado, janeiro 26, 2008

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa,13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, e o seu valor é comparado ao de Camões. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia, sendo seus heterônimos mais conhecidos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
[www.pt.wikipedia.org]

É para a minha super mega ultra estimada amiga Nani que eu coloco aqui um poema deste mais-que-perfeito poeta!

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada,
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...